quinta-feira, 31 de maio de 2012

por uma vida com arte


Estamos matando a arte das coisas! Trucidando a poesia, vulgarizando o lirismo. Estamos desaparecendo com a arte de cumprimentar, de olhar nos olhos, de dialogar. A arte de simplesmente ouvir, sem julgar ou fazer network. A arte de contemplar sem ter um celular na mão ou um discurso na cabeça.   
Comer com arte e sem pressa. Comer por prazer, não por hábito. Comer o que se precisa, sem ter hora certa ou receita pronta. Cozinhar o que se come, sabendo a procedência e a relevância. Aquela comida caseira feita devagar no fogão baixo virou lembrança de infância. Na esquina se compra um congelado sem gordura trans, glúten ou lactose. Tira do freezer, mete no micro e em quinze minutos você tem uma refeição completa! O fast food está matando a arte da agricultura, da culinária, da degustação.
No sexo queremos logo o orgasmo e esquecemos que o caminho pra chegar até ele é a diversão dos sentidos. Sim, as coisas pararam de fazer sentido. A gente trabalha feito louco pra ter sucesso e depois poder respirar. Devíamos respirar antes de ir trabalhar. A gente entra na corrida só pensando em ganhar. Ganhar dinheiro, promoção, tempo. Nem olhamos pro lado pra ver quem está correndo com a gente!

“Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor...”
[los hermanos]

Queremos tudo de uma vez e só pra nós. Queremos muito e pouco oferecemos. Queremos o que é do outro sem fazer esforço. Ninguém quer mais malhar, quer uma cirurgia milagrosa que sugue gordurinha e injete gostosura. O photoshop e o bisturi mataram a arte do corpo humano. Mataram o concurso de miss e a mitologia grega!
É a época do mínimo esforço, do não dou a mínimaTodo mundo quer ser milionário ganhando na Mega sena. Época de se estar na frente, do ser conveniente. Tudo pasteurizado, padronizado.
Por essas e outras que torço pelo resgate da espontaneidade, da regionalidade, da casualidade. Quero mais olho no olho, mais sabor, mais conteúdo. Quero gente de verdade. Tudo de verdade! Quero encontrar o prazer em tudo que tenho e que faço. Porque assim o mundo será feliz, quando todos tiverem alma de artista e conseguirem tirar prazer do trabalho. Assim profetizou Auguste Rodin e assim espero que caminhe a humanidade. 

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