"Prefiro os homens de bem aos homens de bens", Marcelo Yuka
segunda-feira, 25 de junho de 2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
LUZ, SEXO, AÇÃO
Quando fui convidada a fazer parte do elenco de Procuradas
não tinha idéia do que viria pela frente. Na época eu era âncora do telejornal
do meio-dia na RBS TV em Santa Catarina. Tinha status e credibilidade. Mas o
desafio foi tão tentador que pedi demissão como jornalista e topei interpretar
uma garota de programa no longa metragem de José Frazão e Zeca Pires. Abandonei
a bancada e o terninho pra subir no palco de fio dental. Fui chamada de louca,
burra, irresponsável. Afinal, tinha 31 anos, dois filhos e uma vida completamente
estruturada. O que para alguns era o fim para mim era só o recomeço da minha
carreira de atriz.
Foram dois intensos meses de mergulho no universo da
prostituição. Tive aulas de dança, treinei strip
tease com o maridão, li muitos livros e assisti a filmes relacionados. Mas
foi o laboratório nas casas noturnas que me fez relativizar sobre essa
profissão tão antiga. Sendo jornalista (e curiosa!) fiz centenas de perguntas e
acompanhei o dia e a noite das prostitutas em Florianópolis. E são minhas
observações que divido agora com vocês.
“Adoro sexo! Por que não unir o útil ao agradável?”. Essa
foi a primeira declaração que ouvi das meninas da noite. A maioria delas leva uma vida
dupla, cria personagem com nome fictício e esconde da família e da sociedade a
real profissão. Conta para parentes e namorados que é promotora em eventos,
modelo, ou outro tipo qualquer de trabalho sem vínculo empregatício. Diariamente cruzamos nas ruas com estas
meninas que freqüentam escola ou faculdade particular e levam uma vida (praticamente) normal. Muitas sofreram abusos e apanharam em casa, por isso
resolveram encarar o mundo por conta própria. Em vez de trabalhar um mês
inteiro engolindo sapos pra ganhar uma quantia irrisória num sub emprego, preferem ganhar a mesma quantia em uma única noite de “amor”. Sim, muitas
acreditam que vendem amor, que suprem a carência (não só sexual, mas afetiva)
de clientes fiéis. Ouvi relatos incríveis sobre taras, histórias impossíveis de
reproduzir nestas páginas. Vida fácil? De jeito algum. Elas labutam bastante
madrugada adentro consumindo álcool, cigarro e até drogas pesadas pra suportar uma vida de sacrifícios. O que as atrai nesse mundo? Glamour, fantasia, possibilidades. Que mulher não gosta de se produzir, de se sentir
desejada, amada, cortejada? Em troca, recebe presentes e declarações. Pela
primeira vez na vida essa menina sem perspectivas tem a possibilidade de
comprar o vestido da vitrine, o sapato de grife, um mundo completamente diferente
do que conhece. E quem sabe até viver um conto de fadas, como a prostituta de
luxo vivida por Audrey Hepburn no clássico Bonequinha
de Luxo. Ou se transformar numa elegante dama que flecha o coração do
belo empresário solteiro como fez Julia Roberts em Uma linda Mulher .
Embora façam sexo por dinheiro, no fundo são românticas. Como
todas as mulheres, elas sonham com o amor verdadeiro, com a possibilidade de
encontrar alguém que queira mais do que um corpo, que enxergue a alma camuflada em maquiagem. E enquanto servem de consolo ou fantasia, planejam outra vida: “É só uma fase, só até fazer dinheiro, só até terminar a faculdade,
só até...”
Glamour e decadência. Diversão e solidão. Fantasia e
realidade. Noite e dia. O que lembra a última cena da minha personagem Luma em Procuradas. Depois de falar sobre suas perdas na vida, ela enxuga as lágrimas, respira fundo e entra em cena sob a luz dos holofotes.
O show tem que continuar.
* texto encomendado para o site do programa Revista do Cinema Brasileiro, da TV Brasil.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Os rabugentos que me desculpem, mas bom humor é fundamental
O bom humor é um dom. Uma qualidade rara. Não se pode
roubar, vender, doar. Tem gente que nasce com ele e tem gente que aprende a
ter. Mas não pense que é tarefa fácil. Pra quem está acostumado a reclamar da
vida tirar leite de pedra é um trabalho diário e exaustivo que exige disciplina
e sacrifício. Eu sou uma dessas figuras que tem o dom de enxergar o lado negativo
das coisas. Procuro defeitos, fuço o erro, cutuco o destino, encontro até pêlo
em ovo. Tenho que ficar sempre alerta pro bichinho do mau humor não dominar.
Sim, porque gente reclamona é uma
praga que se alastra e contamina um rebanho.
Gente que reclama demais, que bota defeito em tudo só atrasa a vida. Dela e do bando todo. Com o
tempo nossa tendência é afastar gente assim e se aproximar dos mais positivos,
divertidos, de bem com a vida. Essas figuras são como imãs que atraem coisas
boas por onde passam. É o tal do Segredo que nunca foi segredo pra ninguém.
Se parar pra pensar a vida é problema atrás de problema.
A diferença é como você descasca o abacaxi, como você corta o pepino. Na real,
a gente nunca sabe se o que está acontecendo é bom ou ruim, simplesmente é. Por
alguma razão que um dia saberemos. Ou não, já diria Caetano. Então adianta
ficar remoendo os problemas? Ruminando as dificuldades? Nada. Só traz mais
doença e sisudez. E além dos seus próprios ainda ter que compartilhar a tragédia
alheia? Ninguém merece. Foi-se o tempo em que a humanidade preferia a tragédia.
Shakespeare que o diga. Quer bilheteria lotada hoje? Monta uma comédia. O povo
quer rir. Rir de si mesmo, rir da vizinha, da família, do político, rir da
tragédia humana. Por meio do riso vem a identificação.
Sou fã do bom humor. Acho que ele emagrece, enobrece,
enaltece. Ele inspira, aproxima, cura, contamina. Sem falar que arrebata e
apaixona. Que mulher já não ficou caidinha pelo bom humor de um cara? Eu
confesso suspirar por gente de humor afiado. Claro, tem que ser humor
inteligente quase de nascença. Não pode ser aquele chato que conta as mesmas anedotas
antigas e controversas. Aquele que perde o amigo, mas não a piada. Ou perde o
amigo PORQUE conta a piada (rs). Quando o sujeito faz humor demais com tudo e o
tempo inteiro acaba falando bobagem e passando da conta também. Humor é como bebida,
há que se ter moderação.
O resto é pessoal. Tem gente que gosta de piada chula, outros
preferem o humor ácido ou negro. O que vale é encontrar no meio do caos um lado
positivo, divertido. E pode ter certeza de que ele está ali, nas entrelinhas,
na esquina, escondido em algum canto. Porque só um cara muito bem humorado
poderia criar um mundo assim tão louco. E vamos e convenhamos, nós seres
humanos somos mesmo uma piada.
domingo, 3 de junho de 2012
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