sábado, 3 de setembro de 2011

CRISE DOS 40


Sinto falta da irresponsabilidade, da liberdade de não ter hora e nem lugar. De não pertencer a nada e nem dever a tantos. Que falta faz não ter culpa, não ter medo, não ter compromisso além do futebol com os amigos ou a prova de geografia no dia seguinte. Ter todos os sonhos que caibam na mochila, imaginar toda uma vida pela frente sem conhecer frustração ou decepção. Acreditar nas boas intenções das pessoas e na paz mundial. Passar a semana curtindo a idéia e se produzindo para aquela festa de sábado à noite. Ah, ser jovem é uma delícia, pena que a gente só percebe depois que passa. “Ai, se os jovens soubessem e os velhos pudessem”!
Confesso que existem vantagens no amadurecer. Não temos mais tanto pique e nem tantos hormônios, mas temos outras coisas... sabemos o que não queremos mais para a nossa vida depois de tantos tropeços e arrependimentos. Já não sofremos tanto pelos erros e nem queremos chegar sempre na frente. Valorizamos as pequenas coisas, os pequenos atos, o detalhe. Adoramos parar e simplesmente contemplar (sem pressa e sem tédio) um por do sol. Observar os filhos brincando e crescendo saudáveis.  Ter histórias para contar por ter vivido tantos bons anos. Agradecer as estrias que surgiram depois de barrigões e partos. Os pontos das cirurgias que me curaram, as rugas que me ensinaram, os sinais do tempo que passou. Provas de que vivi, como os círculos em volta do tronco de uma velha árvore.
Por quantos lugares andei, tanta gente conheci, quantas músicas tive a oportunidade de ouvir. Experimentei sabores, me embriaguei em amores, me permiti mudar... de casa, de corpo, de atitude, de idéia! Transformação, amadurecimento, envelhecimento. Onde estará a fonte da juventude? Certamente não está nos vidros de creme ou nas seringas de botox. O que busco não tem forma (e nem deforma!). Não tem dinheiro que compre. Como os amigos que fiz e a família que formei. Valores que não podem roubar de mim, vão me acompanhar pelo resto da vida (e, quem sabe, até nas outras!). E nada tem a ver com as roupas que comprei – enlouquecida – naquela liquidação. Ou os carros que namorei e sofri por não ter. Tem a ver com amor, aceitação, compaixão. E que venham os 40 anos!!!

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